terça-feira, 23 de março de 2010

Bullying e Cyberbullying: As Diferenças


Por Tito de Morais

O programa "Falar Global", na SIC Notícias, dedicou a última edição ao bullying na Internet, um tema sobre o qual ando a falar desde 2003. A este propósito parece-me importante acrescentar alguma informação relevante para percebermos a diferença entre bullying e cyberbullying.
Reginaldo Rodrigues de Almeida introduziu o programa classificando o bullying como "uma forma dos mais fortes exercerem pressões psicológicas e até físicas sobre os mais fracos" e que já chegou à Internet. É verdade, mas pelas características próprias deste fenómeno e como forma de o diferenciar de outra formas de bullying, na Internet o fenómeno é conhecido por cyberbullying. Dado o programa não distinguir claramente o bullying do cyberbullying, utilizando ambos os termos algo indiscriminadamente, pareceu-me importante escrever este artigo para que possamos perceber as diferenças.


Nem Sempre Maiores, Mais Velhos e Mais Fortes

Para além da diferença óbvia de, contrariamente ao bullying presencial, o cyberbullying ocorrer através das tecnologias de informação e comunicação (TIC), uma distinção importante é que no cyberbullying, contrariamente ao que a introdução de Reginaldo Rodrigues de Almeida refere, o agressor (o bully) não precisa de ser maior ou mais forte que as suas vítimas. Este aspecto escapou também a Eduardo Sá, o conhecido psicólogo convidado do programa, ao responder à primeira pergunta que lhe é colocada, sobre o que o motiva os potenciais agressores. De facto, enquanto no bullying presencial a vítima é geralmente mais nova ou mais fraca - física ou psicologicamente - que o agressor, no cyberbullying nem sempre é assim.


"Longe da Vista, Longe do Coração"

Outro aspecto relevante segundo o qual o cyberbullying difere do bullying presencial é que no primeiro, como referi, as acções do agressor têm lugar através das TIC, o que faz com que não presencie de forma imediatamente tangível os resultados das suas acções na vítima. Daqui resulta que o agressor não vê de imediato o mal que causou, as consequências dos seus actos, o que minimiza quaisquer eventuais sentimentos de remorso ou empatia para com a vítima que pudesse vir a sentir em resultado dessa constatação. Esta realidade cria, assim, uma situação em que as pessoas podem fazer e dizer coisas na Internet que seriam muito menos propensas a dizer ou fazer presencialmente. Exemplos que ilustram, de forma excelente, o que acabo de dizer são dois vídeos educativos (infelizmente em inglês), produzidos no âmbito de uma campanha de combate ao cyberbullying nos Estados Unidos da América.


Motivação dos Agressores

Ainda a propósito da compreensão das motivações do comportamento dos agressores, da minha experiência este tipo de comportamentos pode ser motivado por razões tão vulgares quanto o facto de uma rapariga não prestar a atenção que um pretendente acha que merece, um namorado procurar vingar-se da namorada que pôs um ponto final ao namoro, uma rapariga invejosa do sucesso ou popularidade de uma colega, etc. Outras vezes, tratam-se de brincadeiras de mau gosto que no mundo físico aconteceriam uma única vez e seriam esquecidas, mas que devido à persistência, pesquisabilidade e replicabilidade dos conteúdos e invisibilidade das audiências, na Internet adquirem uma dimensão imparável e desproporcional.


Acções Episódicas, Tornam-se Persistentes

Estes últimos aspectos (persistência, pesquisabilidade, replicabilidade e invisibilidade), foi algo que escapou a Eduardo Sá, o conhecido psicólogo convidado para o programa, ao responder à pergunta sobre se o cyberbullying poderia conduzir à morte. De facto, as acções episódicas não constituem bullying, dado que este se caracteriza por acções repetidas ao longo do tempo. No entanto, em resultado da persistência, pesquisabilidade, replicabilidade e invisibilidade já referidas, aquilo que pode aparentar ser episódico, na Internet é na realidade repetido ao longo do tempo. Um exemplo que ilustra o que afirmo é o caso do Star Wars Kid, tema do primeiro artigo em que abordei o cyberbullying.

Acções Entre-Pares

Uma das características que distingue o bullying do simples assédio, da agressão, difamação, humilhação, ou perseguição é o facto de apenas se considerar como actos de bullying as acções que têm lugar entre pares. À luz deste princípio, actos em que as vítimas são os professores mas os agressores são crianças, ou vice-versa, não se consideram bullying. Dependendo do acto em si, poderão configurar qualquer uma das situações acima referidas (assédio, agressão, etc.) e muitas outras, tais como coacção, chantagem, manipulação, etc. Já as situações em que agressores e vítimas são ambos professores, podem configurar um tipo particular de bullying, o bullying no local de trabalho, sendo no entanto que o termo bullying, apesar de se poder aplicar a contextos diversos, se aplica cada vez de uma forma mais generalizada ao bullying escolar onde as vítimas e os agressores são crianças e jovens. Outro aspecto relevante é que dado o anonimato proporcionado pela Internet, é muitas vezes difícil afirmar categoricamente se agressores e vítimas são pares. Por esta razão, no cyberbullying, este não é um facto considerado relevante pela generalidade dos investigadores podendo-se, no entanto também falar de ciber assédio, ciber perseguição, etc.

E Antes da Internet?

A confusão entre bullying e cyberbullying surge novamente quando Reginaldo Rodrigues de Almeida questiona Eduardo Sá sobre se estes comportamentos existiam também antes da Internet. Tal é verdade com o bullying, mas o cyberbullying surge apenas com a proliferação das TIC, manifestando-se e propagando-se por meios que até aí não existiam. As características das TIC em geral e da Internet e particular, potenciam assim, de facto, este tipo de fenómenos que têm vindo a assumir dimensões cada vez mais preocupantes em resultado da elevada penetração das TIC na população em geral, e nas crianças e nos jovens em particular.

Acções em Diferido

A terminar as comparações entre bullying e cyberbullying, parece-me ainda relevante sublinhar que, enquanto geralmente o bullying é presenciado por testemunhas/observadores no momento em que acontece, o mesmo geralmente não acontece com o cyberbullying, que ocorre geralmente a coberto do anonimato, deixando assim as vítimas ainda mais vulneráveis ou desprotegidas. Acresce ainda que, enquanto a casa constitui geralmente um refúgio onde a vítima de bullying está geralmente a salvo das acções do agressor, tal não acontece com o cyberbullying, onde até em casa a vítima não está a coberto das acções do agressor. Seja ao abrir uma mensagem de correio electrónico, de Instant Messaging, ao receber um SMS, ao consultar um fórum ou uma simples página web.

E os Valores?!

À pergunta sobre de que maneira os encarregados de educação podem estar mais despertos para esta realidade, Eduardo Sá revela o melhor da sua intervenção, se bem que se desvie um pouco do tema acabando por se esquecer de referir que o bullying e o cyberbullying são sobretudo uma questão de carácter e que, como tal, todas as notícias sobre o tema devem ser aproveitadas por pais e professores como ponto de partida para conversas e discussões em torno dos valores que a família e a escola considera importantes e como estes valores podem ter uma influência positiva nestes fenómenos.

Soundbytes

O programa conclui com uma série de excelentes "soundbytes" nos quais Eduardo Sá se revela especialista e que decididamente valem a pena escutar pela voz do próprio, com o devido enquadramento. Mas pena que tenha perdido uma excelente oportunidade de enunciar alguns passos concretos que o Ministério da Educação e as escolas podem começar a tomar, já hoje, para combater este tipo de fenómenos.

De facto, como conclui o programa, a surdez apontada por Eduardo Sá pode (?) levar ao crescimento exponencial do cyberbullying. Coloco o ponto de interrogação, porque em Portugal, se já existem estudos sobre o bullying escolar, sobre o cyberbullying não existem estudos e como já tenho dito, enquanto tal não acontecer, politicamente é como se o problema não existisse.

Um caso de Bullying…………


Mirandela

Redução "drástica" do efectivo ao sétimo dia de busca no Tua
08.03.2010 - 11:10 Por Lusa


As buscas para encontrar a criança desaparecida no rio Tua foram retomadas hoje pelo sétimo dia consecutivo com uma redução "drástica" do efectivo, de acordo com fonte do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Bragança.

Apenas dois bombeiros e um veículo estão esta manhã no local, segundo dados da Protecção Civil, que irá manter as buscas por "tempo indeterminado", mas com "um efectivo muito reduzido", disse o comandante Melo Gomes.

A criança de 12 anos desapareceu terça-feira à hora de almoço no rio Tua, numa zona a alguma distância da escola, para onde se terá deslocado com um irmão e primos. O menino tem sido eferenciado como alegada vítima de violência escolar por parte de colegas, o que está a gerar um debate alargado sobre a problemática do "bullying".

O Ministério da Educação abriu um processo de averiguações ao caso que está também em investigação judicial no Ministério Público. Depois do desaparecimento da criança, vários pais e colegas da mesma escola, a Luciano Cordeiro, têm relatado outros casos de violência.

Numa carta aberta dirigida ao Ministério da Educação várias organizações nacionais de Direito Humanos convidam todas as escolas do país a fazerem hoje às 11h00 um minuto de silêncio em homenagem ao Leandro. Ao final da tarde realiza-se uma marcha lenta desde a Escola Luciano Cordeiro, em Mirandela, até às margens do rio.
In www.publico.pt



Mirandela

PSP já tem pistas sobre o que aconteceu no dia do desaparecimento da criança

08.03.2010 - 12:37 Por Lusa


"Cabe agora ao Ministério Público (MP) a decisão sobre as próximas diligências no processo", acrescentou a fonte policial. De acordo com o comandante distrital de Bragança da PSP, Amândio Correia, existem já "algumas pistas" do que aconteceu no dia 2 de Março. O responsável não revelou, no entanto, pormenores por o caso se encontrar em segredo de justiça.
O comandante afirma ainda que a "PSP não sabe quando é o que o inquérito vai estar concluído, já que essa é uma competência do Ministério Público". Segundo Amândio Correia explicou, a PSP participou os factos ao MP no mesmo dia em que a criança desapareceu no rio Tua. No dia seguinte o MP delegou na polícia a condução do inquérito "para se perceber os contornos do que realmente aconteceu".
"Já foram ouvidas entre 15 e 18 pessoas entre alunos, professores, família e associação de pais", disse o oficial da PSP. A polícia tem, segundo disse, praticamente concluído o trabalho que está a ser acompanhado em permanência pelo procurador da República, a quem competirá determinar os próximos passos do processo.
A criança de 12 anos, que frequentava a escola EB 2/3 do agrupamento Luciano Cordeiro de Mirandela, desapareceu terça-feira à hora de almoço no rio Tua, junto ao parque de merendas da cidade, para onde se deslocou na companhia de um irmão gémeo e de primos. O local é distante da escola que já abriu um processo de averiguações para apurar o que "poderá ter ocorrido no recinto da escola antes do sucedido", segundo avançou fonte do Ministério da Educação.
O comandante confirmou também que "de facto há uma queixa" de 2008 relativamente a uma alegada agressão sofrida pela criança em causa, que a PSP comunicou ao MP, naquela ocasião. O comandante desconhece "qual o resultado" dessa participação.
A PSP de Mirandela registou também no ano lectivo anterior de 2008/2009, "três ocorrências em que foram reportadas agressões e outras tantas já neste ano lectivo a que se soma ainda o furto de um telemóvel". "São todas situações ocorridas nas imediações, no exterior das escolas", esclareceu o comandante.
As ocorrências dizem respeito a alunos das escolas do agrupamento Luciano Cordeiro, que integra a EB 2/3 frequentada pela criança que desapareceu no rio Tua, terça-feira à hora de almoço. A escola abriu também um inquérito interno ao caso que se espera "esteja concluído hoje e seja entregue amanhã (terça-feira) à Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), segundo disse o gabinete de imprensa do Ministério da Educação. A criança desaparecida no rio Tua tem sido referenciada como alegada vítima de violência escolar por parte de colegas da escola.

quinta-feira, 18 de março de 2010

DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA



Factores de risco, sintomas, diagnóstico, consequências e tratamento da dependência alcoólica ou alcoolismo


A dependência alcoólica ou alcoolismo é uma doença, frequentemente crónica e progressiva, que se caracteriza pelo consumo regular e contínuo de bebidas alcoólicas, apesar da recorrência repetida de problemas relacionados com o álcool.


Quais são os factores de risco?

  • História familiar relacionada com o alcoolismo; 
  • Ambiente sociocultural. A integração em famílias ou em meios sociais propensos ao consumo de álcool (ter de frequentar festas, reuniões sociais, etc.); 
  • Situações imprevisíveis de rotura na vida quotidiana; 
  • Distúrbios emocionais – pessoas deprimidas ou ansiosas; 
  • Conflitos entre os pais, divórcio, separação ou abandono, de um ou de ambos os progenitores; 
  • Dificuldades de adaptação à escola; 
  • Dificuldades de aprendizagem.
Como é que se fica dependente do álcool?O processo de dependência do álcool desenvolve-se como o de qualquer outra dependência, como por exemplo em relação ao tabaco, às drogas e outras substâncias psicoactivas.

Começa-se por experimentar beber, depois bebe-se pontualmente e daí passa-se a beber com regularidade, até criar dependência. Para algumas pessoas é um processo relativamente rápido.


Quais são os sintomas da dependência alcoólica?

  • Sentir grande necessidade de consumir bebidas alcoólicas; 
  • Incapacidade para controlar o consumo, seja o início, o fim ou os níveis de consumo; 
  • Síndrome de abstinência – estado de abstinência fisiológica quando se para ou reduz os consumos; 
  • Tolerância ao álcool; 
  • Abandono progressivo de interesses alternativos em favor do uso da substância; 
  • Persistência no uso da substância, apesar da evidência de consequências manifestamente nocivas.

Deve, pois, estar atento aos seguintes comportamentos e sintomas:

  • Se bebe muito em ocasiões sociais; 
  • Se tem episódios de amnésia ou blackouts frequentes – quando, no dia a seguir, acorda sem nenhuma memória ou recordação da noite anterior ou de ter ingerido álcool em excesso; 
  • Se utiliza subterfúgios para esconder a bebida alcoólica, como usar garrafas ou embalagens de bebidas não alcoólicas ou esconder as garrafas para que ninguém à volta perceba; 
  • Se se irrita e se torna agressivo verbalmente, com declarações de rejeição da dependência da bebida ou mesmo que deixou de beber de uma vez por todas; 
  • Se tem medos, comportamentos obsessivos, sentimentos de perseguição contra si próprio ou ciúmes em relação ao cônjuge; 
  • Se sente cansaço, insónias, disfunções sexuais, depressão, ansiedade; 
  • Se ocorrem fracturas, quedas, queimaduras no corpo ou mesmo convulsões sem causa aparente.
Como se diagnostica?
Após avaliação clínica do indivíduo pelo médico assistente ou de família, será orientado para uma consulta de alcoologia.

Há pacientes que, quando são avaliados, têm dificuldade em relatar os sintomas físicos e psicológicos, porque sofrem já de défice de memória e não conseguem recordar-se de tudo o que fizeram, ou têm negação para a doença.

Quando o paciente admite o problema ligado ao álcool é, normalmente, sinal de melhor adesão ao tratamento.

Quais são as consequências, físicas e mentais, da dependência severa do álcool?
Dependem da duração da dependência e das quantidades de álcool ingeridas. As pessoas com dependência severa do álcool podem padecer de:

  • Desnutrição; 
  • Alterações sanguíneas – ao nível dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas; 
  • Esofagites; 
  • Gastrites; 
  • Úlcera péptica; 
  • Pancreatite crónica ou crises de pancreatite aguda; 
  • Esteatose hepática; 
  • Hepatite alcoólica; 
  • Cirrose hepática; 
  • Hipertensão arterial; 
  • Cardiomiopatia alcoólica; 
  • Acidentes vasculares cerebrais; 
  • Alterações endócrinas e metabólicas; 
  • Alterações musculoesqueléticas - como a osteoporose; 
  • Alterações dermatológicas; 
  • Maior prevalência de tuberculose e de infecções bacterianas; 
  • Maior prevalência de cancros a nível de todos os órgãos; 
  • Síndrome de abstinência; 
  • Delirium tremens; 
  • Síndrome de Wernicke; 
  • Síndrome de Korsakov; 
  • Demência alcoólica.
O que é a síndrome da abstinência?
É uma consequência da interrupção ou redução súbita do consumo excessivo de álcool. Resulta das alterações que ocorrem no sistema nervoso central pela activação excessiva do sistema neurovegetativo. Quer dizer que não se deve reduzir os consumos ou parar de beber? Não, pode-se e deve-se, mas com ajuda de medicação indicada pelo médico.

Esta síndrome caracteriza-se, fundamentalmente, pela ocorrência de ansiedade, irritabilidade, tremores, suores, náuseas, aumento da pulsação cardíaca, taquicardia, insónia, febre, entre outros sintomas.

Em geral, os primeiros sintomas da abstinência ocorrem durante as 24 horas que se seguem à última bebida ingerida. O pico é atingido entre as 36 e as 48 horas depois e, a partir daí, os sintomas começam a decrescer, acabando, em média, ao final de cerca de cinco dias.

Nas situações mais severas, o indivíduo pode ter convulsões, alucinações e entrar em delirium tremens.

O que é o delirium tremens?
Caracteriza-se por forte agitação, delírios e alucinações extremas (visuais, auditivas e tácteis), podendo, por vezes, ser também acompanhado de febre e convulsões (do tipo da epilepsia). Entre cinco a dez por cento dos alcoólicos que entram no estádio de delirium tremens acabam por falecer.

Como se trata o alcoolismo ou dependência alcoólica?
O tipo e a duração do tratamento variam em função do grau de dependência e do estado de saúde geral do doente.

Quanto mais cedo o problema do alcoolismo for diagnosticado, maiores são as probabilidades de sucesso do tratamento e da recuperação.

Requer-se o uso de medicação, sobretudo na fase aguda de abstinência, e apoio para manutenção dessa abstinência, com vigilância médica, podendo incluir medicamentos que reduzem a vontade de beber, e também psicoterapias estruturadas individuais ou em grupo, movimentos de auto-ajuda e de antigos bebedores que desempenham um papel fundamental no tratamento e na recuperação dos pacientes com sintomas de dependência do álcool.

Há medicamentos para tratar o alcoolismo que são normalmente usados durante os primeiros dias da desintoxicação e que se destinam a ajudar o doente a passar a fase aguda da abstinência do álcool e outros que se destinam a ajudar o doente a manter-se sóbrio e a evitar recaídas.

A participação em programas de recuperação e em grupos de auto-ajuda também constitui um apoio muito importante para a recuperação e para o bem-estar do alcoólico.

O alcoolismo ou dependência alcoólica tem cura?
Como doença crónica que é não tem cura. A única forma de estar controlado é a manutenção da abstinência.

Um alcoólico pode manter-se sóbrio por um longo período de tempo, mas isso não significa necessariamente que esteja curado. O risco de recaída mantém-se.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010





terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Violência na escola



Eu já fui vítima de bullying desde o 5º ano até ao 9º mas nunca tive coragem de me revoltar e tentava aguentar ao máximo. Às vezes fingia estar doente, para não ter de ir para a escola. Gozavam comigo, agrediam-me verbalmente e fisicamente. Eu evitava falar com eles mas eles metiam-se comigo e depois não andava com as minhas colegas e ficava com amigas mais velhas pois sabia que eles, quando eu estava com elas, não diziam nada.
Quando estava no 5º ano, nas aulas de educação física, havia raparigas de outra turma que me tiravam as coisas e escondiam-nas, até que um dia disse ao meu professor e ele falou com elas, e depois disso ameaçaram-me mas param de mexer comigo.
Quando passei para o 7º ano, a directora de turma mudou o rapaz que mais gozava comigo para outra turma, mas não parei de ser gozada e agredida porque entraram 7 repetentes para a turma. Durante as férias grandes pensei que o pesadelo tinha acabado, mas, em Setembro, quando fui à escola para ver a minha turma tive uma enorme desilusão.
Tive que estar naquela turma até ao 9º ano, e foi quando tudo piorou. Fui ameaçada por uma rapariga de outra escola, ninguém da minha turma falava comigo e também não podia contar com o apoio da minha melhor amiga por estava com problemas pessoais. Foi muito difícil aguentar tudo isto e nunca consegui mudar de turma.
Quando fui para o 10º a turma era totalmente diferente. Os rapazes gozavam comigo de vez em quando mas, a pouco e pouco eles iam deixado a escola.
Agora estou no 11º e este ano só me mandaram SMS a insultar-me mas quando descobri quem era pararam.
Só espero que todas as pessoas que foram vítimas de bullying denunciem, pois todos temos liberdade para viver e ninguém tem o direito de fazer troça de ninguém.
Tomé era vítima de bullying na sua escola, sendo submetido a agressões frequentes. A situação apenas foi descoberta quando ele foi parar ao hospital com uma lesão grave e, mesmo assim, ele não denunciou os agressores nem a agressão, descobertos pelos pais em conjunto com a escola. Tiago e Bruno envolveram-se numa luta. No dia seguinte, o pai do Tiago esperou pelo Bruno, à porta da escola, e agrediu-o.
Estes são alguns exemplos reais de casos de violência (embora os nomes sejam fictícios), alguns já divulgados pela imprensa, que ocorrem diariamente em todas as escolas. É certo que na maior parte delas o número de ocorrências não é muito elevado, mas existe. O silêncio das vítimas faz os números parecerem menores do que são. Veja-se o caso de Tomé, que nem perante a evidência comprovada pelos médicos contou o que lhe sucedeu. Quando as crianças ou jovens são vítimas de bullying ou mesmo de agressões esporádicas podem tender a calar-se, por receio de represálias ou por vergonha. São os sinais detectados por observadores atentos, como os pais ou professores, que muitas vezes, principalmente se houver coordenação entre ambos, permitem a detecção do problema. Sintomas, antes inexistentes, podem servir de alerta: dificuldade em adormecer; falta de apetite; tristeza; falta de vontade de ir ao recreio, procurando retardar a saída da sala; interacções suspeitas, observadas pelos professores quando passam nos recreios; quebra do rendimento escolar.
E o que acontece a cada uma destas vítimas? Apesar das reacções, certamente não deixará de haver, entre as marcas que ficam, medo e sentimento de que a escola deixou de ser um lugar seguro, pelo menos enquanto os agressores circulam impunemente. A escola precisa de ser um lugar seguro e só quem não vive nela pode acreditar que estas situações não fazem parte crescentemente, em maior ou menor grau, dos seus problemas.

Uma breve abordagem do Bullying


"Bullying" (lê-se bulingue) é uma palavra de origem inglesa que descreve atitudes e comportamentos de abuso de poder de uma pessoa sobre outra, que sente que não tem possibilidade de se defender. Caracteriza-se pela ameaça ou agressão (psicológica ou verbal) de forma intencional e repetida e que ocorre sem motivação evidente.

O "Bullie" é a pessoa maltratante, abusadora, quem detém comportamentos de intimidação sobre uma ou mais vítimas, comportamentos esses que incluem:

- Chamar-lhes /escrever nomes depreciativos;
- Exclui-las de brincadeiras e de jogos;
- Deixar de lhes falar;
- Fazer com que se sintam ameaçadas e com medo;
- Roubar ou estragar as suas coisas;
- Bater-lhes, pontapeteá-las, ou outros comportamentos de violência física.

Caracterização do bullying
O bullying divide-se em duas categorias:

Bullying directo - é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos;

Bullying indirecto - conhecido como agressão social, é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de várias técnicas (espalhar comentários; intimidar outros que desejam relacionar-se com a vítima; criticar o seu modo de vestir, a sua etnia ou religião, incapacidades…).

A escola é um dos lugares onde o bullying é praticado com frequência, uma vez que neste espaço convivem diariamente crianças e/ou adolescentes. Pode ocorrer dentro ou fora da escola, em zonas onde a supervisão adulta é mínima ou inexistente.

O bullying é um problema grave que acontece todos os dias, um pouco por todo o mundo e não está restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana. Pode levar a vítima à depressão, à perda de auto-estima e, em último caso, ao suicídio conhecido por "bullycide". Os comportamentos de bullying contêm muita agressividade, quer verbal, quer física.

As crianças ou adolescentes que são continuamente vítimas de bullying por tempo prolongado, crescem com falta de segurança, de amor-próprio, e com outros problemas, como, por exemplo sentimentos de medo intenso, ou apatia como forma de bloquear os traumas.

Que pode fazer a vítima? Pode e deve imediatamente evitar o silêncio sobre a situação e o isolamento. Deve procurar uma pessoa adulta de confiança a quem deve contar o que se passa, pedir ajuda é sinal de força e não de fraqueza!

Existem 5 tipos de actores co-implicados no bullying:
Agressor – pretende obter força, poder e domínio; ter fama e popularidade na escola amedrontando os outros;

Vítima; 
Defenders – alunos que defendem as vítimas e são contra o bullying;
Bystanders – alunos que presenciam a situação e reforçam positivamente a acção do agressor;
Outsiders – alunos que não se manifestam nem de forma positiva nem de forma negativa perante o bullying.

A potencial vítima pode ser uma criança ou um jovem que apresente determinada característica que a torne um alvo fácil, como por exemplo, ser mais gorda/magra, gaguejar, usar óculos... Os pais e educadores devem estar atentos a possíveis sinais (fobia à escola, baixo rendimento, depressão, baixa auto-estima, etc.) que possam surgir por parte dos filhos ou alunos.

Técnicas de bullying
Os bullies combinam a intimidação e a humilhação para atormentar os outros. Por exemplo:

Roubar e/ou danificar objectos pessoais de uma pessoa, como livros ou material escolar, roupas… Espalhar rumores e comentários negativos sobre a vítima (trocar e passar mensagens ou bilhetes falando mal da pessoa em causa);

Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando-a;
Fazer comentários negativos sobre a família da pessoa, sobre a sua aparência pessoal, orientação sexual, religião, raça, nível de vida, nacionalidade…
Levar a vítima ao isolamento social;
Praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em variados sites);
Fazer chantagem;
Utilizar expressões ameaçadoras;
Chamar nomes aos colegas;
Agredir física e/ou verbalmente colegas, de forma sistemática e prolongada no tempo;
Fazer chacota" (cochichar) continuamente sobre a vítima;
Tirar bens aos colegas (dinheiro, objectos pessoais...).
O bullying não deve ser confundido com as brincadeiras que normalmente acontecem na infância e adolescência.

Efeitos do bullying
Quando praticado de forma persistente pode ter um ou vários efeitos no sujeito e/ou no ambiente onde ocorre.

Efeitos sobre o sujeito: 
Ansiedade Sensibilidade a determinadas brincadeiras
Perda de auto-estima
Tristeza e irritação
Medo de expressar emoções
Problemas de relacionamento
Abuso de drogas e álcool
Auto-mutilação e mesmo suicídio (bullycídio)

Efeitos no ambiente escolar: 
Níveis elevados de abstinência escolar
Alta rotatividade do quadro de pessoal
Desrespeito pelos professores
Número de faltas elevado
Porte de arma por parte de crianças com o objectivo de se protegerem

Quais são as consequências do Bullying sobre o ambiente escolar?

Quando não existe uma intervenção efectiva contra o bullying, o ambiente escolar torna-se problemático. Todos os intervenientes no espaço escolar são (sem excepção) afectados de forma negativa, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo que poderão desencadear outros ainda mais graves para a sociedade, como o abandono escolar, doenças psicossociais... Para a eliminação da violência na escola, devem ser criadas e tomadas as medidas necessárias por parte das entidades responsáveis. Quando são bem aplicadas e é envolvida toda a comunidade escolar, contribuem para o convívio saudável e equilibrado, ou seja, para a formação de uma cultura de não-violência na escola, e de uma forma mais geral, na sociedade.

Alguns conselhos para o momento em que a criança/adolescente está a ser vítima de bullying: 
- Ignorar o bullie, como por exemplo, continuar a andar, não olhar e fazer de conta que não está a ouvir;
- Não reagir de forma a mostrar fraqueza, como chorar ou irritar-se, pois o objectivo do bullie é de que a vítima reaja mal;
- Pode responder-lhe com tranquilidade, mas com firmeza, dizendo-lhe, por exemplo: "Não, não sou como tu pensas!"
- Responder com humor. Por exemplo, se o bullie diz: "Que calças tão feias!" Responda: "Obrigado, ainda bem que reparaste!"
- Se necessário, fugir e procurar ficar ao pé de uma pessoa adulta. Isto não é cobardia, mas antes ser inteligente.

É importante ressalvar, que a vítima de bullying necessita de ser levada a sério e de ser ajudada, mas também o bullie, que normalmente provém dum meio rejeitante e/ou disfuncional.

Ciclo de Conferências Sobre Sexualidade em destaque na Biblioteca de Loulé


Incluído no ciclo de conferências sobre sexualidade, a Biblioteca Municipal de Loulé, em parceria com a Delegação do Algarve da APF – Associação para o Planeamento da Família continua a desenvolver algumas sessões no ano de 2010.
Nesse sentido, já no próximo dia 15 de Janeiro, António Sousa irá marcar presença a partir das 21h30 para falar sobre os "Valores e Atitudes Face à Sexualidade". Terão os nossos valores e atitudes um papel determinante na forma como vivenciamos a nossa sexualidade e nos comportamentos que adoptamos? Terão estes um carácter imutável? Estas são algumas das questões em debate nesta noite.
Posteriormente, a 19 de Fevereiro, também às 21h30 haverá lugar à discussão sobre os "Principais Problemas em Saúde Sexual e Reprodutiva", estando confirmada a presença de Joana Sousa como oradora.
Uma vivência menos positiva da sexualidade leva muitas vezes ao aparecimento de problemas que podem colocar em causa o bem estar físico, psicológico ou social do ser humano.
O que poderemos considerar como problema quando falamos sobre comportamentos sexuais, numa sociedade onde a pluralidade sexual é um valor a respeitar?
Para saber a resposta a estas perguntas e ficar mais esclarecido basta então marcar presença nestas conferências, ambas de entrada gratuita.