terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Uma breve abordagem do Bullying


"Bullying" (lê-se bulingue) é uma palavra de origem inglesa que descreve atitudes e comportamentos de abuso de poder de uma pessoa sobre outra, que sente que não tem possibilidade de se defender. Caracteriza-se pela ameaça ou agressão (psicológica ou verbal) de forma intencional e repetida e que ocorre sem motivação evidente.

O "Bullie" é a pessoa maltratante, abusadora, quem detém comportamentos de intimidação sobre uma ou mais vítimas, comportamentos esses que incluem:

- Chamar-lhes /escrever nomes depreciativos;
- Exclui-las de brincadeiras e de jogos;
- Deixar de lhes falar;
- Fazer com que se sintam ameaçadas e com medo;
- Roubar ou estragar as suas coisas;
- Bater-lhes, pontapeteá-las, ou outros comportamentos de violência física.

Caracterização do bullying
O bullying divide-se em duas categorias:

Bullying directo - é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos;

Bullying indirecto - conhecido como agressão social, é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de várias técnicas (espalhar comentários; intimidar outros que desejam relacionar-se com a vítima; criticar o seu modo de vestir, a sua etnia ou religião, incapacidades…).

A escola é um dos lugares onde o bullying é praticado com frequência, uma vez que neste espaço convivem diariamente crianças e/ou adolescentes. Pode ocorrer dentro ou fora da escola, em zonas onde a supervisão adulta é mínima ou inexistente.

O bullying é um problema grave que acontece todos os dias, um pouco por todo o mundo e não está restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana. Pode levar a vítima à depressão, à perda de auto-estima e, em último caso, ao suicídio conhecido por "bullycide". Os comportamentos de bullying contêm muita agressividade, quer verbal, quer física.

As crianças ou adolescentes que são continuamente vítimas de bullying por tempo prolongado, crescem com falta de segurança, de amor-próprio, e com outros problemas, como, por exemplo sentimentos de medo intenso, ou apatia como forma de bloquear os traumas.

Que pode fazer a vítima? Pode e deve imediatamente evitar o silêncio sobre a situação e o isolamento. Deve procurar uma pessoa adulta de confiança a quem deve contar o que se passa, pedir ajuda é sinal de força e não de fraqueza!

Existem 5 tipos de actores co-implicados no bullying:
Agressor – pretende obter força, poder e domínio; ter fama e popularidade na escola amedrontando os outros;

Vítima; 
Defenders – alunos que defendem as vítimas e são contra o bullying;
Bystanders – alunos que presenciam a situação e reforçam positivamente a acção do agressor;
Outsiders – alunos que não se manifestam nem de forma positiva nem de forma negativa perante o bullying.

A potencial vítima pode ser uma criança ou um jovem que apresente determinada característica que a torne um alvo fácil, como por exemplo, ser mais gorda/magra, gaguejar, usar óculos... Os pais e educadores devem estar atentos a possíveis sinais (fobia à escola, baixo rendimento, depressão, baixa auto-estima, etc.) que possam surgir por parte dos filhos ou alunos.

Técnicas de bullying
Os bullies combinam a intimidação e a humilhação para atormentar os outros. Por exemplo:

Roubar e/ou danificar objectos pessoais de uma pessoa, como livros ou material escolar, roupas… Espalhar rumores e comentários negativos sobre a vítima (trocar e passar mensagens ou bilhetes falando mal da pessoa em causa);

Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando-a;
Fazer comentários negativos sobre a família da pessoa, sobre a sua aparência pessoal, orientação sexual, religião, raça, nível de vida, nacionalidade…
Levar a vítima ao isolamento social;
Praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em variados sites);
Fazer chantagem;
Utilizar expressões ameaçadoras;
Chamar nomes aos colegas;
Agredir física e/ou verbalmente colegas, de forma sistemática e prolongada no tempo;
Fazer chacota" (cochichar) continuamente sobre a vítima;
Tirar bens aos colegas (dinheiro, objectos pessoais...).
O bullying não deve ser confundido com as brincadeiras que normalmente acontecem na infância e adolescência.

Efeitos do bullying
Quando praticado de forma persistente pode ter um ou vários efeitos no sujeito e/ou no ambiente onde ocorre.

Efeitos sobre o sujeito: 
Ansiedade Sensibilidade a determinadas brincadeiras
Perda de auto-estima
Tristeza e irritação
Medo de expressar emoções
Problemas de relacionamento
Abuso de drogas e álcool
Auto-mutilação e mesmo suicídio (bullycídio)

Efeitos no ambiente escolar: 
Níveis elevados de abstinência escolar
Alta rotatividade do quadro de pessoal
Desrespeito pelos professores
Número de faltas elevado
Porte de arma por parte de crianças com o objectivo de se protegerem

Quais são as consequências do Bullying sobre o ambiente escolar?

Quando não existe uma intervenção efectiva contra o bullying, o ambiente escolar torna-se problemático. Todos os intervenientes no espaço escolar são (sem excepção) afectados de forma negativa, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo que poderão desencadear outros ainda mais graves para a sociedade, como o abandono escolar, doenças psicossociais... Para a eliminação da violência na escola, devem ser criadas e tomadas as medidas necessárias por parte das entidades responsáveis. Quando são bem aplicadas e é envolvida toda a comunidade escolar, contribuem para o convívio saudável e equilibrado, ou seja, para a formação de uma cultura de não-violência na escola, e de uma forma mais geral, na sociedade.

Alguns conselhos para o momento em que a criança/adolescente está a ser vítima de bullying: 
- Ignorar o bullie, como por exemplo, continuar a andar, não olhar e fazer de conta que não está a ouvir;
- Não reagir de forma a mostrar fraqueza, como chorar ou irritar-se, pois o objectivo do bullie é de que a vítima reaja mal;
- Pode responder-lhe com tranquilidade, mas com firmeza, dizendo-lhe, por exemplo: "Não, não sou como tu pensas!"
- Responder com humor. Por exemplo, se o bullie diz: "Que calças tão feias!" Responda: "Obrigado, ainda bem que reparaste!"
- Se necessário, fugir e procurar ficar ao pé de uma pessoa adulta. Isto não é cobardia, mas antes ser inteligente.

É importante ressalvar, que a vítima de bullying necessita de ser levada a sério e de ser ajudada, mas também o bullie, que normalmente provém dum meio rejeitante e/ou disfuncional.

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