terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Violência na escola



Eu já fui vítima de bullying desde o 5º ano até ao 9º mas nunca tive coragem de me revoltar e tentava aguentar ao máximo. Às vezes fingia estar doente, para não ter de ir para a escola. Gozavam comigo, agrediam-me verbalmente e fisicamente. Eu evitava falar com eles mas eles metiam-se comigo e depois não andava com as minhas colegas e ficava com amigas mais velhas pois sabia que eles, quando eu estava com elas, não diziam nada.
Quando estava no 5º ano, nas aulas de educação física, havia raparigas de outra turma que me tiravam as coisas e escondiam-nas, até que um dia disse ao meu professor e ele falou com elas, e depois disso ameaçaram-me mas param de mexer comigo.
Quando passei para o 7º ano, a directora de turma mudou o rapaz que mais gozava comigo para outra turma, mas não parei de ser gozada e agredida porque entraram 7 repetentes para a turma. Durante as férias grandes pensei que o pesadelo tinha acabado, mas, em Setembro, quando fui à escola para ver a minha turma tive uma enorme desilusão.
Tive que estar naquela turma até ao 9º ano, e foi quando tudo piorou. Fui ameaçada por uma rapariga de outra escola, ninguém da minha turma falava comigo e também não podia contar com o apoio da minha melhor amiga por estava com problemas pessoais. Foi muito difícil aguentar tudo isto e nunca consegui mudar de turma.
Quando fui para o 10º a turma era totalmente diferente. Os rapazes gozavam comigo de vez em quando mas, a pouco e pouco eles iam deixado a escola.
Agora estou no 11º e este ano só me mandaram SMS a insultar-me mas quando descobri quem era pararam.
Só espero que todas as pessoas que foram vítimas de bullying denunciem, pois todos temos liberdade para viver e ninguém tem o direito de fazer troça de ninguém.
Tomé era vítima de bullying na sua escola, sendo submetido a agressões frequentes. A situação apenas foi descoberta quando ele foi parar ao hospital com uma lesão grave e, mesmo assim, ele não denunciou os agressores nem a agressão, descobertos pelos pais em conjunto com a escola. Tiago e Bruno envolveram-se numa luta. No dia seguinte, o pai do Tiago esperou pelo Bruno, à porta da escola, e agrediu-o.
Estes são alguns exemplos reais de casos de violência (embora os nomes sejam fictícios), alguns já divulgados pela imprensa, que ocorrem diariamente em todas as escolas. É certo que na maior parte delas o número de ocorrências não é muito elevado, mas existe. O silêncio das vítimas faz os números parecerem menores do que são. Veja-se o caso de Tomé, que nem perante a evidência comprovada pelos médicos contou o que lhe sucedeu. Quando as crianças ou jovens são vítimas de bullying ou mesmo de agressões esporádicas podem tender a calar-se, por receio de represálias ou por vergonha. São os sinais detectados por observadores atentos, como os pais ou professores, que muitas vezes, principalmente se houver coordenação entre ambos, permitem a detecção do problema. Sintomas, antes inexistentes, podem servir de alerta: dificuldade em adormecer; falta de apetite; tristeza; falta de vontade de ir ao recreio, procurando retardar a saída da sala; interacções suspeitas, observadas pelos professores quando passam nos recreios; quebra do rendimento escolar.
E o que acontece a cada uma destas vítimas? Apesar das reacções, certamente não deixará de haver, entre as marcas que ficam, medo e sentimento de que a escola deixou de ser um lugar seguro, pelo menos enquanto os agressores circulam impunemente. A escola precisa de ser um lugar seguro e só quem não vive nela pode acreditar que estas situações não fazem parte crescentemente, em maior ou menor grau, dos seus problemas.

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