quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010





terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Violência na escola



Eu já fui vítima de bullying desde o 5º ano até ao 9º mas nunca tive coragem de me revoltar e tentava aguentar ao máximo. Às vezes fingia estar doente, para não ter de ir para a escola. Gozavam comigo, agrediam-me verbalmente e fisicamente. Eu evitava falar com eles mas eles metiam-se comigo e depois não andava com as minhas colegas e ficava com amigas mais velhas pois sabia que eles, quando eu estava com elas, não diziam nada.
Quando estava no 5º ano, nas aulas de educação física, havia raparigas de outra turma que me tiravam as coisas e escondiam-nas, até que um dia disse ao meu professor e ele falou com elas, e depois disso ameaçaram-me mas param de mexer comigo.
Quando passei para o 7º ano, a directora de turma mudou o rapaz que mais gozava comigo para outra turma, mas não parei de ser gozada e agredida porque entraram 7 repetentes para a turma. Durante as férias grandes pensei que o pesadelo tinha acabado, mas, em Setembro, quando fui à escola para ver a minha turma tive uma enorme desilusão.
Tive que estar naquela turma até ao 9º ano, e foi quando tudo piorou. Fui ameaçada por uma rapariga de outra escola, ninguém da minha turma falava comigo e também não podia contar com o apoio da minha melhor amiga por estava com problemas pessoais. Foi muito difícil aguentar tudo isto e nunca consegui mudar de turma.
Quando fui para o 10º a turma era totalmente diferente. Os rapazes gozavam comigo de vez em quando mas, a pouco e pouco eles iam deixado a escola.
Agora estou no 11º e este ano só me mandaram SMS a insultar-me mas quando descobri quem era pararam.
Só espero que todas as pessoas que foram vítimas de bullying denunciem, pois todos temos liberdade para viver e ninguém tem o direito de fazer troça de ninguém.
Tomé era vítima de bullying na sua escola, sendo submetido a agressões frequentes. A situação apenas foi descoberta quando ele foi parar ao hospital com uma lesão grave e, mesmo assim, ele não denunciou os agressores nem a agressão, descobertos pelos pais em conjunto com a escola. Tiago e Bruno envolveram-se numa luta. No dia seguinte, o pai do Tiago esperou pelo Bruno, à porta da escola, e agrediu-o.
Estes são alguns exemplos reais de casos de violência (embora os nomes sejam fictícios), alguns já divulgados pela imprensa, que ocorrem diariamente em todas as escolas. É certo que na maior parte delas o número de ocorrências não é muito elevado, mas existe. O silêncio das vítimas faz os números parecerem menores do que são. Veja-se o caso de Tomé, que nem perante a evidência comprovada pelos médicos contou o que lhe sucedeu. Quando as crianças ou jovens são vítimas de bullying ou mesmo de agressões esporádicas podem tender a calar-se, por receio de represálias ou por vergonha. São os sinais detectados por observadores atentos, como os pais ou professores, que muitas vezes, principalmente se houver coordenação entre ambos, permitem a detecção do problema. Sintomas, antes inexistentes, podem servir de alerta: dificuldade em adormecer; falta de apetite; tristeza; falta de vontade de ir ao recreio, procurando retardar a saída da sala; interacções suspeitas, observadas pelos professores quando passam nos recreios; quebra do rendimento escolar.
E o que acontece a cada uma destas vítimas? Apesar das reacções, certamente não deixará de haver, entre as marcas que ficam, medo e sentimento de que a escola deixou de ser um lugar seguro, pelo menos enquanto os agressores circulam impunemente. A escola precisa de ser um lugar seguro e só quem não vive nela pode acreditar que estas situações não fazem parte crescentemente, em maior ou menor grau, dos seus problemas.

Uma breve abordagem do Bullying


"Bullying" (lê-se bulingue) é uma palavra de origem inglesa que descreve atitudes e comportamentos de abuso de poder de uma pessoa sobre outra, que sente que não tem possibilidade de se defender. Caracteriza-se pela ameaça ou agressão (psicológica ou verbal) de forma intencional e repetida e que ocorre sem motivação evidente.

O "Bullie" é a pessoa maltratante, abusadora, quem detém comportamentos de intimidação sobre uma ou mais vítimas, comportamentos esses que incluem:

- Chamar-lhes /escrever nomes depreciativos;
- Exclui-las de brincadeiras e de jogos;
- Deixar de lhes falar;
- Fazer com que se sintam ameaçadas e com medo;
- Roubar ou estragar as suas coisas;
- Bater-lhes, pontapeteá-las, ou outros comportamentos de violência física.

Caracterização do bullying
O bullying divide-se em duas categorias:

Bullying directo - é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos;

Bullying indirecto - conhecido como agressão social, é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de várias técnicas (espalhar comentários; intimidar outros que desejam relacionar-se com a vítima; criticar o seu modo de vestir, a sua etnia ou religião, incapacidades…).

A escola é um dos lugares onde o bullying é praticado com frequência, uma vez que neste espaço convivem diariamente crianças e/ou adolescentes. Pode ocorrer dentro ou fora da escola, em zonas onde a supervisão adulta é mínima ou inexistente.

O bullying é um problema grave que acontece todos os dias, um pouco por todo o mundo e não está restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana. Pode levar a vítima à depressão, à perda de auto-estima e, em último caso, ao suicídio conhecido por "bullycide". Os comportamentos de bullying contêm muita agressividade, quer verbal, quer física.

As crianças ou adolescentes que são continuamente vítimas de bullying por tempo prolongado, crescem com falta de segurança, de amor-próprio, e com outros problemas, como, por exemplo sentimentos de medo intenso, ou apatia como forma de bloquear os traumas.

Que pode fazer a vítima? Pode e deve imediatamente evitar o silêncio sobre a situação e o isolamento. Deve procurar uma pessoa adulta de confiança a quem deve contar o que se passa, pedir ajuda é sinal de força e não de fraqueza!

Existem 5 tipos de actores co-implicados no bullying:
Agressor – pretende obter força, poder e domínio; ter fama e popularidade na escola amedrontando os outros;

Vítima; 
Defenders – alunos que defendem as vítimas e são contra o bullying;
Bystanders – alunos que presenciam a situação e reforçam positivamente a acção do agressor;
Outsiders – alunos que não se manifestam nem de forma positiva nem de forma negativa perante o bullying.

A potencial vítima pode ser uma criança ou um jovem que apresente determinada característica que a torne um alvo fácil, como por exemplo, ser mais gorda/magra, gaguejar, usar óculos... Os pais e educadores devem estar atentos a possíveis sinais (fobia à escola, baixo rendimento, depressão, baixa auto-estima, etc.) que possam surgir por parte dos filhos ou alunos.

Técnicas de bullying
Os bullies combinam a intimidação e a humilhação para atormentar os outros. Por exemplo:

Roubar e/ou danificar objectos pessoais de uma pessoa, como livros ou material escolar, roupas… Espalhar rumores e comentários negativos sobre a vítima (trocar e passar mensagens ou bilhetes falando mal da pessoa em causa);

Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando-a;
Fazer comentários negativos sobre a família da pessoa, sobre a sua aparência pessoal, orientação sexual, religião, raça, nível de vida, nacionalidade…
Levar a vítima ao isolamento social;
Praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em variados sites);
Fazer chantagem;
Utilizar expressões ameaçadoras;
Chamar nomes aos colegas;
Agredir física e/ou verbalmente colegas, de forma sistemática e prolongada no tempo;
Fazer chacota" (cochichar) continuamente sobre a vítima;
Tirar bens aos colegas (dinheiro, objectos pessoais...).
O bullying não deve ser confundido com as brincadeiras que normalmente acontecem na infância e adolescência.

Efeitos do bullying
Quando praticado de forma persistente pode ter um ou vários efeitos no sujeito e/ou no ambiente onde ocorre.

Efeitos sobre o sujeito: 
Ansiedade Sensibilidade a determinadas brincadeiras
Perda de auto-estima
Tristeza e irritação
Medo de expressar emoções
Problemas de relacionamento
Abuso de drogas e álcool
Auto-mutilação e mesmo suicídio (bullycídio)

Efeitos no ambiente escolar: 
Níveis elevados de abstinência escolar
Alta rotatividade do quadro de pessoal
Desrespeito pelos professores
Número de faltas elevado
Porte de arma por parte de crianças com o objectivo de se protegerem

Quais são as consequências do Bullying sobre o ambiente escolar?

Quando não existe uma intervenção efectiva contra o bullying, o ambiente escolar torna-se problemático. Todos os intervenientes no espaço escolar são (sem excepção) afectados de forma negativa, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo que poderão desencadear outros ainda mais graves para a sociedade, como o abandono escolar, doenças psicossociais... Para a eliminação da violência na escola, devem ser criadas e tomadas as medidas necessárias por parte das entidades responsáveis. Quando são bem aplicadas e é envolvida toda a comunidade escolar, contribuem para o convívio saudável e equilibrado, ou seja, para a formação de uma cultura de não-violência na escola, e de uma forma mais geral, na sociedade.

Alguns conselhos para o momento em que a criança/adolescente está a ser vítima de bullying: 
- Ignorar o bullie, como por exemplo, continuar a andar, não olhar e fazer de conta que não está a ouvir;
- Não reagir de forma a mostrar fraqueza, como chorar ou irritar-se, pois o objectivo do bullie é de que a vítima reaja mal;
- Pode responder-lhe com tranquilidade, mas com firmeza, dizendo-lhe, por exemplo: "Não, não sou como tu pensas!"
- Responder com humor. Por exemplo, se o bullie diz: "Que calças tão feias!" Responda: "Obrigado, ainda bem que reparaste!"
- Se necessário, fugir e procurar ficar ao pé de uma pessoa adulta. Isto não é cobardia, mas antes ser inteligente.

É importante ressalvar, que a vítima de bullying necessita de ser levada a sério e de ser ajudada, mas também o bullie, que normalmente provém dum meio rejeitante e/ou disfuncional.

Ciclo de Conferências Sobre Sexualidade em destaque na Biblioteca de Loulé


Incluído no ciclo de conferências sobre sexualidade, a Biblioteca Municipal de Loulé, em parceria com a Delegação do Algarve da APF – Associação para o Planeamento da Família continua a desenvolver algumas sessões no ano de 2010.
Nesse sentido, já no próximo dia 15 de Janeiro, António Sousa irá marcar presença a partir das 21h30 para falar sobre os "Valores e Atitudes Face à Sexualidade". Terão os nossos valores e atitudes um papel determinante na forma como vivenciamos a nossa sexualidade e nos comportamentos que adoptamos? Terão estes um carácter imutável? Estas são algumas das questões em debate nesta noite.
Posteriormente, a 19 de Fevereiro, também às 21h30 haverá lugar à discussão sobre os "Principais Problemas em Saúde Sexual e Reprodutiva", estando confirmada a presença de Joana Sousa como oradora.
Uma vivência menos positiva da sexualidade leva muitas vezes ao aparecimento de problemas que podem colocar em causa o bem estar físico, psicológico ou social do ser humano.
O que poderemos considerar como problema quando falamos sobre comportamentos sexuais, numa sociedade onde a pluralidade sexual é um valor a respeitar?
Para saber a resposta a estas perguntas e ficar mais esclarecido basta então marcar presença nestas conferências, ambas de entrada gratuita.